quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Parque Edu Chaves



Situado às margem do Rio Cabuçu de Cima, e da Rodovia Fernão Dias  divisa com o município de Guarulhos.
Essas terras, herdadas pelo descendente de abastados fazendeiros de café, Eduardo Pacheco Chaves, conhecido como Edu Chaves, como e uma região totalmente plana, ele instalou uma pista de avião utilizada para suas aventuras e para a primeira escola de aviação no país.
Por ser área de várzea, do Rio Cabuçu apresentava a ocorrência de enchentes na época de chuvas, o que obrigou Pacheco Chaves a transferir sua escola e campo de pouso e hangares para o vizinho bairro do Jaçanã na área hoje ocupada pelas instalações da Aliança Metalúrgica, na avenida Luis Stamatis.
Edu Chaves vendeu as terras por um valor inferior ao de mercado no final dos anos 1920, com  duas exigência que:  
 que a construtora fizesse obras para acabar com os problemas dos alagamentos nas épocas das chuvas, e que o novo bairro recebesse seu nome, mas somente em em 1953 é que a Sociedade Comercial e Construtora fez o loteamento, com cerca de 1 500 casinhas.
O loteamento do Parque Edu Chaves foi inspirado 
na Praça Charles de Gaulle, onde está localizado o Arco do Triunfo, em Paris na França.
Está localizado a 11 km do marco zero da cidade, na Praça da Sé, e possui uma praça redonda, onde está a paróquia Nossa Senhora Aparecida, e de onde partem alamedas em círculos e vias radiais. 
A maior parte das ruas que partem da Praça Comandante Eduardo de Oliveira tem nomes de militares, em homenagem aos primeiros moradores que pertenciam à Força Pública de São Paulo, antiga Polícia Militar.
Uma de suas ruas mais importantes homenageia o Aviador francês 
Roland Garros, que apesar de ser conhecido pelo torneio internacional de Tênis que leva seu nome foi pioneiro da aviação francesa e um às da aviação que cruzou o Canal da Mancha em 1910, e venceu o premio do Governo do Estado de São Paulo ao primeiro aviador que conseguisse fazer o percurso São Paulo/Santos/São Paulo em 1912.
Fonte: Wikipedia G1.
Fotos: G1 
vejasp. prefeitura.sp








domingo, 6 de janeiro de 2019


A CAMA DE GONÇALO PIRES


No longínquo ano de 1620, na vila de São Paulo do Campo, partes do Brasil, viveu uma figura um tanto pitoresca, protagonista dos fatos (reais) aqui relatados. Gonçalo Pires, da primeira leva de paulistas nativos, era contado entre os mais abastados moradores da vila, à época. Era marceneiro e pedreiro, dos poucos que havia no povoado, e entre outros trabalhos, empreitou a construção da primeira igreja matriz de São Paulo. Só que ele era uma pessoa de difícil trato, de gênio irascível, e sempre disposto a alguma discussão ou briga. Construiu sua própria casa, situada entre as melhores da vila, e era proprietário (único no local) de uma cama! Sim, ele e sua mulher, dormiam, não num catre ou rede, como a maioria, mas numa cama de madeira trabalhada, com colchão macio, finos lençóis e colchas, além de sobrecéu, comprada à duras penas no reino!
Pois bem, estávamos em agosto de 1620, e a vila de São Paulo, preparava-se para receber a visita do ouvidor Amâncio Rebelo Coelho, que a mando de Sua Majestade, visitava as cidades e povoações da província do Brasil, para ver em que pé andava o cumprimento das ordenações reais, um conjunto de leis que regulava toda a vida civil e jurídica de todo o reino.
Como a dita autoridade já se preparava para a difícil subida da serra, dentro de dois ou três dias no máximo, estaria ali na vila. A Câmara, avisada com antecedência, reuniu com maior presteza, os “homens bons” (vereadores) que a compunham, para tomar ciência oficial dos fatos e determinar providências para a boa recepção ao representante real. Ali pelas tantas, porém, um dos componentes levantou uma questão relevante: “Aqui na casa temos um quarto para hóspedes, mas não temos uma cama decente para tão importante figura!” Todos foram concordes, e lembrando também que, dado o estado de pobreza da vila e seus habitantes, não tinham onde arrumar tal móvel, pois o que existia por ali, eram meras camas improvisadas ou simples redes indígenas. Nesse pé estavam, quando um dos presentes lembrou que tinham, sim, na vila, uma cama decente, chegada a pouco do reino: o cidadão Gonçalo Pires, tinha uma verdadeira cama, coisa rara, só encontrada nas melhores residências da Bahia e Pernambuco! Então o problema estava resolvido: manda-se uma comissão de vereadores à casa dele e toma-se emprestado o precioso móvel.
Dito e feito, três vereadores, dirigiram-se à casa do “sô” Gonçalo, para cumprir a determinação da Câmara.
Ao abrir a porta e dar com toda aquela comitiva na sua frente, já franziu o cenho, esperando pelo pior. Quando os edis lhe expuseram a situação, e a que vieram, ele, já muito bravo, lhes respondeu: “mas, senhores, se lhes empresto a minha cama, a única que tenho, onde eu e minha mulher dormiremos? Junto com meus serviçais, com meus escravos? Em alguma rede? Não, de jeito algum! Eu comprei a duras penas a minha cama no reino, e não vou emprestá-la para que um ouvidor qualquer venha a dormir nela. Nem que fosse o governador! Portanto, deem meia volta e vão pegar a cama de qualquer outro, mas a minha, não!” E não adiantou argumentos e mais argumentos dos camaristas. O homem estava irredutível. O jeito foi voltar e relatar ao presidente o insucesso da empreitada.
Reunidos novamente, os vereadores se viram num beco sem saída. O ouvidor estava chegando, e teriam que arrumar uma cama para ele, e tinha que ser a do Gonçalo, mesmo. Não tinha jeito. Decidiram então que a Câmara alugaria o móvel, e se o dono ainda assim não quisesse cooperar, levariam uma ordem judicial, para que a requisição se fizesse até à força, se necessário fosse.
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Na ilustração, de autoria de Belmonte, o vereador (em pé) encarregado da requisição da cama, segura firme em sua mão esquerda, a vara, símbolo do poder da Câmara. Essa vara, pintada na cor vermelha, funcionava como um documento que dava ao vereador, a autoridade para agir em nome da comunidade, ou em nome da autoridade real.
E foi o que aconteceu. A comissão voltou à casa do Gonçalo, com a ordem do juiz, e alguns índios de serviço, para que levassem o móvel. Como já previam, o homem mais uma vez negou, dizendo que não cedia, não emprestava, não alugava e nem vendia a sua preciosa cama. Sem outra solução, fizeram então o que precisava ser feito: enquanto dois índios seguraram o Gonçalo, que impedia a entrada em seu quarto, outros dois entraram, e desmontando a cama, foram levando para fora, peça por peça, enquanto ele, bem seguro, esbravejava, ameaçando céus e terras.
Uma semana depois, o ouvidor, já tendo feito o seu serviço, se retirava para continuar sua inspeção em outras paragens, agradecendo muito a confortável acolhida que recebera, e elogiando sobremaneira as ótimas instalações da Câmara, coisa que não encontrara em nenhuma das cidades que visitara “nesses Brazis”.
Dez dias após a partida do ouvidor, a Câmara mandara lavar as roupas, e cuidou de devolver o móvel ao dono. Mas, quando chegaram à casa dele com a dita cama, Gonçalo ainda muito bravo, olhou o móvel por alto, e foi curto e grosso: “Não a recebo. Quando a tomaram de mim, a cama estava nova, sem dano algum, e agora vossas mercês a devolvem suja e riscada? Só a receberei se estiver no mesmo estado em que a levaram”. E bateu a porta na cara dos vereadores, que outra solução não encontraram a não ser levá-la de volta.
O tempo foi passando, e nada do homem ceder. Continuava na sua teimosia de só receber a cama se a devolvessem no mesmo estado que a pegaram. Dezenas de tentativas foram feitas, mandaram um bom dinheiro à guisa de aluguel, mas o homem nem mais atendia à porta. Não cedia de jeito algum!
Seis anos depois, estando já à beira da morte, um amigo foi visita-lo e pediu-lhe que resolvesse de vez aquele caso. Ele, mais uma vez, com a pouca voz que lhe restava, voltou a negar o recebimento, assim como deixou por escrito, uma proibição para que seus herdeiros recebessem a famosa cama.
O que se ficou sabendo, é que depois disso, a cama jogada nos porões da Câmara, foi se deteriorando, e provavelmente acabou servindo de lenha.
História baseada nos relatos “A Cama do Gonçalo” no livro “No Tempo dos Bandeirantes” de Belmonte (1940), e “A Cama de Gonçalo Pires”, no livro “Aconteceu no Velho São Paulo”, de Raimundo de Meneses (1952). O fato é real, e só tomamos conhecimento disso, através das atas da Câmara, que ia registrando em livros, tudo o que se passava na pequena vila, e que assim, preservados, chegaram até nossos dias.
Transcrito de: 
https://saopauloesuasruas.wordpress.com
São Paulo e Suas Ruas.