quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Vila Maria

Região que pertencia ao Sitio Bela Vista. 


Em 1856, foi assinada a primeira escritura de venda das terras da região, de José Bento de Morais ao Drº Joaquim Floriano de Araújo Cintra, a esposa do Drº Araújo chamava-se Maria, uma das explicações de a vila ter recebido este nome. 
Teve seus primeiros terrenos vendidos por volta de 1856 
Em 1891 foi aberta a Avenida Itatiaia, depois Central, a seguir Dr.Adriano Marrey Jr., e finalmente Guilherme Cotching, em homenagem ao pai do Dr.Eduardo Cotching.
Depois de várias negociações a Companhia Paulista de Terrenos que tinha o Dr. Eduardo Cocthing como um de seus principais diretores adquiriu a gleba e em 17 de janeiro de 1917, sendo essa data considerada a fundação do Bairro.
 O acesso ao bairro era apenas através do rio Tietê que era preciso atravessar de barco, sendo a primeira ponte de madeira concluída em 1918.
Em julho de 1918 foi construído o Posto Policial, na esquina da Avenida com a atual Rua Alcantara, sendo nesta mesma época instalado o primeiro telefone, cujo número era 349.
A partir de 1920, com a abertura de diversos comércios o bairro começa a progredir, mas ainda era muito prejudicado pelas constantes enchentes, sendo que praticamente todos os moradores possuíam um barco para esses períodos.
Em 1922 foi edificada a primeira igreja do bairro, a de Nossa Senhora dos Navegantes (os moradores mais antigos relatam que não tem relação com as enchentes do Tietê), e a energia elétrica chegou em 1923,mesmo ano a vila ganhou um bonde elétrico até a praça da Sé.
Em 1924 com apenas duas salas de aula, alugadas pelo governo, na Av.Guilherme Cotching nº1032, esquina com a Rua Diamantina e inaugurada a primeira escola do bairro o "Grupo Escolar João Vieira de Almeida", em 2 de julho de 1925 a Escola instalava-se em prédio maior, alugado, na Rua Dias da Silva.
Em 1956 foi inaugurada a ponte de concreto, em substituição a antiga ponte de Madeira, que hoje recebe o nome de Ponte Jânio Quadros, politico que tinha seu reduto eleitoral na vila.
A Vila Maria conhecida nacionalmente por ser o reduto Janista do estado, em 1955, o então prefeito Jânio Quadros venceu a eleição para governador do estado com o apoio maciço do bairro, pouco tempo antes, Jânio havia asfaltado muitas ruas, inaugurado biblioteca e aberto diversas escolas no bairro.
fonte: 
spbairros doquepreciso prefeitura.sp
fotos: prefeitura.sp 
Bem Blogado Iba Mendes


1918  obras de terraplenagem do que seria futuramente o Bairro da Vila Maria,
1921

Ponte de madeira no Bairro de Vila Maria, em 1920.
Foto de 1928  transporte aquático improvisado, depois de grande enchente na Vila Maria.









 

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Perdizes


Como a maioria dos bairros paulistanos, Perdizes proveio de propriedades rurais, sendo uma delas a Sesmaria do Pacaembu
Em 1850 já haviam registros que indicam a presença de chácaras na região, algumas delas criavam animais, como a perdiz, um dos pioneiros na região foi Joaquim Alves, um vendedor de garapa que criava perdizes em seu quintal, onde hoje é o Largo Padre Péricles.
A região ficou conhecida informalmente de Campo das Perdizes, pela abundancia desse tipo de animal.
Ao final do século XIX, especificamente em 1897, Perdizes entra na planta oficial da cidade, devido ao crescimento da cidade as características rurais da área desaparecem pelo loteamento e venda das terras.
No inicio do novo seculo houve um crescimento imobiliário no bairro, sendo consolidado na década de 1940 como um bairro de classe-média. 
Na quadra formada pelas atuais ruas Monte Alegre, João Ramalho, Ministro Godoy e Bartira, existia a antiga Chácara Lúcia de propriedade de Germaine Lucie Buchard, Condessa de Gontand Birou, transformado em mosteiro que em 1948, as Carmelitas deixaram o Mosteiro , sendo a área  doada para a Universidade Católica, que nasceu a partir da fusão da Faculdade Paulista de Direito com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento, esta fundada em 1908.
O conjunto é formado pelo antigo Convento das Carmelitas Descalças e Capela, projetado por Alexandre Albuquerque, no início da década de 1920, em estilo neocolonial e pelo Teatro da Universidade Católica – TUCA, de 1965.
E1900, no Largo das Perdizes(Atual Largo Padre Péricles), existia uma Capela, muito pequena e pobre, dedicada à nossa Senhora da Conceição e Santa Cruz, nesta Capela funcionou a primeira Matriz da nova Paróquia de São Geraldo, criada em 15 de fevereiro de 1914, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.
Nessa paroquia 
estão guardados muitos tesouros arquitetônicos e artísticos, mas o de maior destaque é  o Sino que anunciou a Sete de Setembro de 1822, uma hora após a proclamação, a Independência do Brasil, às margens do Ipiranga pelo príncipe D. Pedro, e está protegido no Campanário.
CONDEPHAAT tombou alguns edifícios do bairro, alem do sino histórico, e outros acervos significativos, entre eles o conjunto de sessenta vitrais, alguns deles executados pela famosa Casa Conrado Sogenith, de São Paulo.
São tombados também os edifícios Colégio Batista Brasileiro, na Dr. Homem de Melo, Colégio Santa Marcelina, na Rua Cardoso de Almeida, e o conjunto de edifícios da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Estão em estudos para Tombamento pelo Conpresp, a pedido de moradores, 38 imóveis, visando a preservação de sobrados e casarões históricos, em sua maioria em ruas como Doutor Homem de Mello, Turiaçu, Ministro Godoy, Germaine Burchard, Monte Alegre, Itapicuru, Bartira, Caiubi e Vanderlei.
Outras construções históricas do bairro são: a Paróquia de Santa Rosa de Lima, padroeira do bairro e a Igreja de São Domingos.
É um bairro nobre destinado à classe média alta e alta situado na zona oeste do município de São Paulo e pertencente ao distrito de Perdizes. Possui o terceiro maior IDH entre os distritos paulistas, ficando atrás apenas de Moema e Pinheiros.
Fonte: wikipedia
Fotos: pinterest saopauloinfoco. ibamendes pucsp EmCasa  mycutebubble


1916 - Igreja das Perdizes onde fica hoje o Largo Padre ...
Rua Turiassú 1940

Rua Caiubi 1959

Colégio Batista Brasileiro

Colégio Santa Marcelina


PUC

























quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A Gazeta

Endereços: 
Rua Quinze de Novembro, 250.
Rua Líbero Badaró, 624 / 628. 
Rua Líbero Badaró, 651.
Rua da Conceição, 06 (a partir de 1943, Av. Cásper Líbero, 88).
Av. Paulista, 900.


Jornal diário vespertino fundado em 1906 por Adolfo Campos de Araújo em São Paulo, o jornal seguiu os moldes dos jornais do século XIX: poucas imagens e muito texto, como costume na época, dedicava-se, entre outras coisas, a defender um posicionamento político e a tratar de economialiteratura e cultura.
O Inicio do jornal ficaram marcados por crises financeiras, que caracterizavam um período de instabilidade. 
José Pedro AraújoJoão Dente e Antônio Augusto Covello foram os diretores que conduziram A Gazeta e tentaram reerguê-la. 
Mas o difícil começo do vespertino foi apenas o impulso inicial para que, anos mais tarde, A Gazeta alcançasse seu período áureo, sob o comando do jornalista e empreendedor Cásper Líbero.
Em 14 de julho de 1918, Cásper Libero assumi o comando e promove um programa de modernização, a fim de transformá-lo no jornal mais moderno da América Latina
Inovador, o jornalista investiu na criação de novos e inéditos suplementos e na valorização de temáticas locais, regionais, culturais, esportivas e sociais, a fim de atrair a atenção dos leitores a assuntos que não eram abordados pela imprensa brasileira ganharam espaço em A Gazeta.
Como era aficionado por esportes criou um suplemento "A Gazeta Esportiva", que teve tanto sucesso que em breve se torna um jornal independente.
Cásper Libero concebeu d
iversas provas esportivas, dentre elas, algumas disputadas até os dias atuais, como a Corrida de São Silvestre e a Prova Ciclística Nove de Julho.
Em 1929, lançou um suplemento de histórias em quadrinhosA Gazetinha, no formato tabloide, que em dezembro de 1938, publica pela primeira vez no Brasil os quadrinhos de "O Superman".
Durante a Revolução de 1930 o jornal se posiciona contra o governo de Vargas e tem suas instalações invadidas e incendiadas por getulistas, que destroem o famoso relógio que era simbolo do jornal.
Cásper Líbero moveu uma ação contra a União e, com o dinheiro da indenização, viajou à Alemanha e comprou os mais modernos equipamentos de impressão existentes na época.
Com a morte de Cásper, em 1943 o crescimento e a modernização pararam, mas A Gazeta ainda se manteve como pioneira até a década de 1950. 
Em 25 de agosto de 1979, em meio a uma crise financeira, A Gazeta transformou-se em um suplemento do jornal A Gazeta Esportiva, e vinte anos depois, o caderno deixou de ser publicado.
A Gazeta, com 73 anos de publicação, ensinou à posteridade como fazer do jornalismo com forte cunho nacionalista, tendo "progresso" como a palavra-chave que resume a sua história.
Cásper Libero deixou em testamento as instruções para criação da Fundação que leva seu nome assim como a Faculdade de Comunicações Cásper Libero.

Encontra-se sepultado no Obelisco de São Paulo, onde repousam os restos mortais dos heróis da Revolução de 32.
Fonte: wikipedia Fundação Cásper Libero
Fotos: Projeto São Paulo City Fundação Cásper Libero 




Projeto original do Edifício Gazeta
De acordo com o projeto, encomendado pela Fundação Cásper Líbero ao engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz (que depois seria prefeito de São Paulo), o prédio deveria ser um dos mais altos da cidade. Mas a Fundação não teve fôlego para bancar a construção até o fim. No final dos anos 60, por falta de dinheiro, decidiu-se dar acabamento ao pedaço que já tinha sido erguido e dar a obra por terminada.
https://quandoacidade.wordpress.com

terça-feira, 2 de julho de 2019

Zeppelin


2 de julho de 1900 - O conde Ferdinand von Zeppelin fez a primeira demonstração de um dirigível no Lago Constança, na Alemanha.
Na foto o conde sobrevoando a cidade de São Paulo, em 1933.



sábado, 29 de junho de 2019

Ipiranga


Ypiranga, Hipiragua, Piranga, Poranga, foram palavras usadas para se referir ao Ipiranga, um dos mais paulistanos bairros de São Paulo.
O significado da palavra já foi objeto de inúmeros  estudos e porem, nenhum conclusivo a respeito do significado exato do termo Ipiranga, os significados, “água barrenta” e“água vermelha” foram as interpretações dos primeiros habitantes brancos do planalto, certamente ouviram dos índios Guaianazes moradores do local.
O escritor Luiz Caldas Tibiriçá, autor do Dicionário de Topônimos brasileiros de origem tupi, garante que a palavra é uma corruptela de i-pi-rá-á-nga, ou seja, “leito (de rio) desigual”, o que e aceito por outros dicionaristas, como o tupinólogo João Mendes.
A data de 7 de Setembro de 1822 e aceita como sendo a data de sua fundação por seu valor histórico, mas acredita-se que por volta de 1510 João Ramalho chegou a região e se casou com Bartira filha de Tibiriça e se instalou entre as margens direita do Ribeirão Guapituva e a aldeia do cacique Tibiriçá.
Com o passar do tempo, o bairro deixou de ser apenas uma passagem entre o litoral e a cidade e o Ipiranga testemunhou e colaborou com as modificações urbanas provocadas pela indústria, em 1904, quando foi palco da implantação do primeiro bonde elétrico em São Paulo.
inauguração da Rodovia Anchieta, em 1947 provocou grande expansão com a instalação de indústrias, e comércios  e  trouxe novos moradores para o bairro.
A Família Jafet, através de Benjamin Jafet o primeiro membro da família a chegar no país, fundaram a  Companhia Fabril de Tecelagem e Estamparia, auxiliando muito o desenvolvimento.
A partir desse momento, a família Jafet em geral esteve presente nas principais obras da região do Ipiranga, foram eles os responsáveis pela implantação de fábricas, obras de tratamentos as águas do rio Tamanduateí, construção de hospitais, escolas e estradas.
Conde José Vicente de Azevedo, advogado, professor, parlamentar e precursor da ação social católica, foi outra figura importante para o surgimento e desenvolvimento do bairro, que no dia 22 de Novembro de 1896, inaugura o "Asilo de Meninas Órfãs", primeira grande empreitada do Conde no bairro, o asilo proporcionou diversas obras de cunho educacional e assistencial. 
O principal fato histórico ocorrido no Ipiranga foi a Proclamação da Independência do Brasil, em 7 de Setembro de 1822, por Dom Pedro I, às margens do riacho Ipiranga, fato este citado na primeira estrofe do Hino Nacional brasileiro.
O Museu inaugurado em 1895 e o Monumento em 1922, têm suas histórias iniciadas logo após a Proclamação, e representam, juntamente com o Parque da Independência, o marco histórico da emancipação política do Brasil.
O Museu  foi construído para abrigar uma universidade e acabou se tornando-se o nosso museu. Seu acervo, com cerca de 100 mil peças, é constituído por obras de arte, mobiliário, trajes e utensílios que pertenceram a personalidades da história brasileira, como os bandeirantes e os imperadores. As instalações abrigam um biblioteca com 100 mil volumes e um centro de documentação histórica, com 40 mil manuscritos.
Hoje, é considerado um museu a céu aberto, pois em 8 de maio de 2007 as doze construções centenárias do bairro foram tombadas pelo Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo).
Fontes: wikipedia 
spbairros prefeitura.sp.gov.
Fotos: Pintirest upiranga.com intenet.
Comemorações do Centenário da Independência no bairro do Ipiranga, realizada em 1922








domingo, 16 de junho de 2019

Implosão do Edifício Mendes Caldeira

16 de novembro de 1975, para a construção da estação sé do metro de são paulo.

A primeira demolição por implosão no Brasil
Vídeo de Sergio Valério







Colégio Nossa Senhora de Sion


O Colégio Sion, faz parte da Congregação das Religiosas de Nossa Senhora de Sion, organização católica internacional, que conta com escolas em diversos países e estados brasileiros.


Av. Higienópolis, 901,inaugurado em 1901,o Colégio teve relação direta com a trajetória social da cidade, tendo servido como um espaço de autorreconhecimento de uma burguesia emergente.

A escola foi baseada em uma proposta educacional, à época comum na França, da "escola das meninas ricas", instituições, com regime de internato, altas mensalidades e exigências diversas, como padrões de etiqueta e enxovais, que eram voltadas à educação das moças provenientes dos extratos mais abastados da sociedade.

O ensino do colégio valorizava os preceitos da família tradicional e do incentivo ao matrimônio, adotando propostas de educação de futuras esposas e mães.

Inicialmente era uma escola exclusiva para meninas de classe social altas e de educação estritamente religiosa, com o passar dos anos o Colégio Sion se transformou em escola mista, e passou a adotar uma visão mais moderna de educação.

Ao mesmo tempo, esta escola mantinha, outras escolas, de menor qualidade, para estudantes carentes, que, em troca, prestavam serviços domésticos e de limpeza à escola das classes mais elevadas.

Seu belo edifício de estrutura eclética foi projetado e executado pelo Arquiteto Ramos de Azevedo, compõe-se de cinco pavimentos, incluindo o subsolo, térreo e mais três andares, que também executou sua reforma e ampliação em 1940, com um corpo central criado pelo arquiteto italiano Domiciano Rossi.

A solidez da construção do Colégio revela-se em seus alicerces de pedra, nas paredes externas com aproximadamente um metro de largura. 
O prédio é imponente e logo na entrada, a vistosa escada do hall central parece sintetizar toda essa imponência.
Chama a atenção também,o pé direito de cinco metros de altura, garantindo uma excelente iluminação das salas.
Pela Resolução SC 48/86 o CONDEPHAAT órgão de preservação de São Paulo, após uma intensa campanha de associações lideradas por ex-alunas, com apoio da comunidade da região o declara como patrimônio histórico do Estado de São Paulo.

A Congregação das Religiosas de Nossa Senhora de Sion é uma organização religiosa católica, fundada na França, em 1843, pelos padres Teodoro Ratisbonne e Afonso Ratisbonne, irmãos, de ascendência judia, nascidos na cidade francesa de Estrasburgo.

O governo brasileiro a, no final do Século XIX, admirado pelo sistema educacional Montessori adotado pelo colégio francês decide convidar irmãs pertencentes à organização a desenvolverem atividades educacionais no país, tendo estas desembarcado no Rio de Janeiro, em 1888.

A instituição até hoje, oferece ensinos a meninos e meninas de todas as faixas etárias, com uma mudança na filosofia educacional, adotando um programa mais laico em seu conteúdo, mas que segue se identificando como uma escola baseada em preceitos cristãos.

Oferece também, Laboratórios de ciências físicas e biológicas e informática, e Prática Esportivas, (Voleibol, Futebol de Salão, Handebol e Basquetebol) e atividades opcionais fora do horário escolar ( Futebol de Salão, Natação, Judô, e Ballet).

O terreno pelo Colégio de 17.117m², sendo 11.783m² de área construída, completamente rodeada por jardins.

A edificação da capela, em 1941 segue o modelo das demais Capelas de Nossa Senhora de Sion existentes pelo mundo.

"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir"(Frase motivacional)
Fontes: wikipedia colegiosion.
Fotos: 
Julia Aquino colegiosion. 
itaucultural
paulistando









sexta-feira, 7 de junho de 2019

Chaminé da João Teodoro



Remanescente da primeira usina termoelétrica da cidade,construída entre 1888 e 1892,e que fornecia energia elétrica para o Quartel da Luz e o Hospital da Força Pública.
Baseada em projeto do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, ate hoje se destaca e marca a paisagem da região, apesar de todas as modificações sofridas pela cidade.
Nas revoluções de 1924 e 1932, foi algo de bombardeios por parte das forças federais, que visavam atingir o Quartel Luz, deixando marcas da artilharia pesada visíveis ate hoje em suas paredes.
Na revolta de 1924, cerca de mil militares sitiaram a área central da capital paulista por 23 dias, obrigando o presidente do Estado, Carlos de Campos, a se refugiar no Bairro da Penha
(https://lembrasp.blogspot.com/2017/07/penha-de-franca-o-bairro-que-ja-capital.html).
A Usina de Luz Elétrica do bairro da Luz,foi demolida em 1985 para duplicar a rua João Teodoro,ficando apenas a chaminé.


fontes: sao-paulo.estadao.com saopauloeluz.blogspot
Quartel da Luz: mansão da Rota : histórias do Batalhão "Tobias de Aguiar" Por Paulo Adriano L. L. Telhada
fotos: G1 wikipedia Alo São Paulo http://www.mpf.mp.br e algumas do google  não tinha os créditos.








domingo, 28 de abril de 2019



Paulo Vanzolini

Por JOSÉ DOMINGOS BRITO
Transcrito de luizberto.com

Paulo Emílio Vanzolini nasceu em São Paulo, em 25/4/1924. Cientista (zoólogo) e compositor (sambista) dos mais renomados nas duas áreas. Uma combinação peculiar, inusitada e, talvez, única no mundo, se considerarmos o talento e suas contribuições em tão distintas atividades. Seu nome consta em 15 denominações científicas de répteis e anfíbios. Compôs clássicos da música popular brasileira, como Ronda, Volta por cima, Juízo final, Praça Clóvis, Na boca da noite entre outras. Nunca gostou de ir à escola e já confessou que em toda sua vida de estudante “para ser mais sincero, nos quatro anos de primário, cinco de ginásio, dois de pré-médico, seis de medicina e três de Harvard, nunca assisti às aulas com gosto”. Já pensou, se gostasse!
Mesmo assim, impulsionado pelos subornos com presentes dados pelo pai, o engenheiro e professor da Escola Politécnica da USP, Carlos Alberto Vanzolini, concluiu o curso primário no Colégio Rio Branco e o ginásio em escola pública. Se entrasse aí com uma boa colocação, ganharia uma bicicleta. Ganhou e, aos 10 anos, no primeiro passeio, foi até o Instituto Butantan. Ficou apaixonado pelos bichos e alí decidiu o que queria ser quando crescesse. Aos 14 anos, conseguiu um estágio no Instituto Biológico e deu início a profissão de zoólogo. Não queria ser médico, mas o amigo de seu pai, André Dreyfus, criador da genética no Brasil, disse-lhe: “Olhe, se você quiser fazer zoologia de vertebrados, vá para a Faculdade de Medicina onde vai estudar anatomia, histologia, embriologia e fisiologia num curso básico de primeiro nível. O resto você rola com a barriga”.
Em 1942 ingressou na Faculdade de Medicina da USP. Na mesma época sua vida tomou um caminho que não indicava, de modo algum, o futuro cientista. Passou a frequentar as rodas boêmias com os amigos universitários e compor os primeiros sambas. Dois anos após, deixou a casa dos pais, mudou-se para um apartamento no Prédio Martinelli e foi trabalhar com o primo, Henrique Lobo, na Rádio América, num programa comandado por Cacilda Becker. Pouco depois foi convocado para o Exército, interrompeu os estudos, retomou o curso de medicina após dois anos, foi lecionar no Colégio Bandeirantes e começou a trabalhar no Museu de Zoologia. Como se vê, o artista surgiu primeiro que o cientista, que tomou um impulso logo em seguida. Em 1947 foi diplomado médico e, no ano seguinte, casou-se com Ilse, secretária da Reitoria da USP. Mais um ano e o casal embarca para os EUA, onde concluiu o doutorado em Zoologia pela Universidade de Harvard.
Uma vez pronto o cientista, é hora de dar vazão ao artista. Começando pela poesia e por insistência do amigo Geraldo Vidigal, publicou o livro Lira de Paulo Vanzolini, em 1951, pelo Clube de Poesia, reduto boêmio e literário de São Paulo. No mesmo ano compôs o samba-canção Ronda, considerado sua obra-prima musical, que veio a ser gravada, por acaso, em 1953, por Inezita Barroso. Ele e a esposa eram amigos da cantora e acompanharam-na até a o estúdio da RCA Vitor, para realizar sua primeira gravação: “Marvada pinga”. Como ela não tinha escolhido outra música para o lado B do disco de 78 rpm, optou por Ronda naquele instante. O estrondoso sucesso do lado A deixou a samba-canção na penumbra e só veio a ficar conhecido, de fato, e fazer sucesso anos depois na voz da cantora Márcia. Em 1953 foi trabalhar na TV Record, produzindo programas musicais, como o de Araci de Almeida. Fez amizade com muitos cantores e compositores, entre eles Adoniran Barbosa, bom de papo e copo. Os dois planejaram uma parceria musical que nunca aconteceu. Quase sempre compunha sozinho, mas chegou a formar parceria com Toquinho em meados dos anos 1960, pouco antes dele se juntar a Vinicius de Moraes. Frequentador assíduo da casa dos Buarque de Holanda, quando esta família residia no bairro de Pinheiros, foi um dos primeiros a conhecer o compositor Chico Buarque ainda jovem, quando compôs Pedro Pedreiro. Ouviu o samba, observou a letra e exclamou, dirigindo-se à Sérgio, seu pai: “Esse menino é um gênio!”.
Em 1963 foi nomeado diretor do Museu de Zoologia e lançou outro grande sucesso: Volta por cima, gravado por Noite Ilustrada. A música já era conhecida nas boates paulistanas como “o samba do Vanzolini”. Ficou tão conhecida e caiu no gosto do público de tal modo, que a expressão “dar a volta por cima” passou a ser utilizada por todos como “superar uma situação difícil”. Em fins de 1967, Luís Carlos Paraná, compositor e dono da boate “Jogral”, e Marcus Pereira, publicitário e depois dono de uma gravadora, resolveram produzir seu primeiro LP com suas músicas inéditas, conhecidas apenas pelos amigos: “Paulo Vanzolini: onze sambas e uma capoeira”, interpretadas por diversos cantores, entre os quais Chico Buarque. “Jogral” era um celeiro de sambistas em São Paulo, tendo lançado grandes nomes, como Jorge Ben e Martinho da Vila. Como se não bastasse, foi também cantor. Em 1981, o Estúdio Eldorado lançou o LP “Paulo Vanzolini por ele mesmo”
Até aqui tudo bem, mas cadê o cientista? Bem, não é à toa que seu nome denomina 15 espécies de bichos. Ralou bastante para merecer tais homenagens. Além disso, ajudou na criação da FAPESP-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em 1962, na condição de membro do Conselho Superior. Enquanto diretor do Museu de Zoologia, aumentou a coleção de répteis de 1,2 mil para 230 mil exemplares. Em termos científicos p.p. dito, adaptou a “Teoria dos Refúgios” a partir de um trabalho em conjunto com o prof. Aziz Ab’Saber e com o norte-americano Ernest Williams. “Refúgio” foi o nome dado ao fenômeno detectado nas suas expedições pela Amazônia, quando o clima chega ao extremo de liquidar com uma formação vegetal, reduzindo-a a pequenas porções. Assim formam-se espaços vazios no meio da mata fechada. Quando se aposentou em 1993, continuou trabalhando no Museu de Zoologia até pouco antes de falecer. Recusou-se a deixar o trabalho: “É a única coisa de que gosto, a única coisa que sei fazer”. Só parou em 28/4/2013, quando veio a falecer.
As “Escolas de Samba” foram as primeiras a homenageá-lo ainda em vida. A “Mocidade Independente de Padre Miguel” desfilou em 1985 com o tema “Ziriguidum 2001, um carnaval nas estrelas” sobre um imaginário corso de sambistas no espaço sideral, e Vanzolini estava lá. Foi enredo da “Mocidade Alegre”, em 1988, onde foi exaltada sua dupla personalidade de cientista e poeta do samba. Em 2005, foi a vez da “Vai-Vai”, com o enredo “Eu também sou imortal” discorrendo sobre sua atuação no samba e na boêmia de São Paulo. Em 2013, quando soube de seu falecimento, a “Mocidade Alegre”, anunciou seu enredo para o carnaval de 2014, com um tema referente aos 90 anos do boêmio paulista. Foi premiado pela Fundação Guggenheim, em Nova Iorque (2008); condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e promovido a Grande Oficial da Ordem do Ipiranga (2010). Em março de 2013, recebeu o Prêmio APCA-Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo conjunto da obra. Sua vida foi retratada no cinema em três documentários, dirigidos por Ricardo Dias. Dois sobre o zoólogo e um sobre o sambista: Um homem de moral, lançado em 2009 no 13º Cine Pernambuco.
No seu legado encontram-se, também, uma valiosa contribuição à ciência no livro An annoted bibliography of the land and fresh-water reptiles of South America (1758-1975), em dois volumes, lançado em 1975-77 pelo Museu de Zoologia. Outro legado substancial foi a doação de sua biblioteca com mais de 25 mil livros ao Museu, em 2008. Uma de suas últimas aparições no palco, se deu no Rio de Janeiro em 2003, quando foi lançada sua antologia de 52 sambas numa caixa com quatro CD’s: “Acerto de contas”. As músicas tiveram como intérpretes quase todos seus amigos mais próximos: Paulinho da Viola, Chico Buarque, Elton Medeiros, Carlinhos Vergueiro etc. Na ocasião, seu amigo Ricardo Cravo Albin, elaborou uma série de quatro programas radiofônicos, transmitidos pela Rádio MEC para todo o Brasil, além de uma longa entrevista. Numa de suas últimas entrevistas, foi-lhe perguntado que conselho daria aos novos cientistas. Sua resposta foi concisa: “O primeiro conselho é que não sigam os conselhos de ninguém e que se apliquem e façam bem feito e com amor o seu serviço”.