segunda-feira, 9 de julho de 2018

Externato Casa Pia São Vicente de Paulo 
Alameda Barros, nº 539 


A antiga Casa-sede da Chácara das Palmeiras, reformada e incluindo os acréscimos projetados pelo arquiteto alemão Maximilian E. Hell;(1861-1916), foi integrada ao que se convencionou chamar de conjunto do Externato Casa Pia São Vicente de Paulo, conservando significativa parcela das características originais das fachadas das construções, como o Edifício das Salas de Aula, projetado em 1915 pelo engenheiro Prudent Nöel, a Capela de São Vicente de Paulo, Auditório, a Estátua em homenagem a São Vicente de Paulo e o Busto em homenagem ao Monsenhor Camilo Passalacqua.
Casa-sede da Chácara das Palmeiras construída em taipa de pilão ainda preservada que representa relevante exemplar do modo semi-urbano de habitação.
E parte importante e marcante na paisagem do bairro de Santa Cecília, considerando o valor arquitetônico dos edifícios erguidos no primeiro quartel do século 20.
Tombada pelo CONPRESP – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo RESOLUÇÃO  08 / CONPRESP / 2013
Fonte:  infopatrimonio.org PMSP Secret. Municipal de Cultura Folha de São Paulo
Fotos: infopatrimonio.org no link da Folha mais fotos.

É a história de São Paulo envolta em poeira que está por trás dos tapumes de metal na esquina da alameda Barros com a rua Doutor Albuquerque Lins, onde Santa Cecília e Higienópolis se encontram.
Lá, um casarão tombado, construído mais de um século atrás, é restaurado para abrigar, a partir de maio, a Escola Internacional de São Paulo, dos fundadores da rede de ensino de inglês Red Balloon.
O terreno fazia parte da Chácara das Palmeiras, propriedade do século 19 com pomar, plantação de chá, mandioca e capim, afastada do agito do centro da cidade, que não ia muito além do Pátio do Colégio. Foi a partir de lotes do generoso pedaço de terra, algo em torno de 560 mil m², que surgiu o bairro de Santa Cecília, na região central paulistana.
Por 12 contos de reis, foi comprada em 1874 por Francisco de Aguiar Barros, que daria nome à alameda no local. Dois anos antes, um anúncio de jornal exaltava a chácara "no lugar mais pitoresco, ameno e saudável possível", com casa de moradia, armazéns, cocheiras, estrebarias e senzalas em bom estado.
A mulher do novo proprietário, Maria Angélica de Sousa Queirós, dona Angélica, seria conhecida pelas sofisticadas recepções no casarão e daria nome à principal avenida de Higienópolis, região central paulistana.
Após a morte do marido, em 1890, doou a uma associação de damas de caridade da Igreja Católica a parte do terreno com os imóveis centrais da chácara para a abertura de um colégio para pobres. Em 1905, edificou-se ao lado do externato a capela Casa Pia São Vicente de Paulo, que se tornaria um dos símbolos de Santa Cecília. Assim como outras obras na chácara, foi elaborada por Maximilian Emil Hehl, arquiteto e engenheiro alemão que iria projetar a Catedral da Sé.
Todo o conjunto do externato ocupa uma área de 4.500 m² e foi tombado em 2013 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, que ressaltou a importância de seus aspectos históricos e urbanísticos para a formação de Santa Cecília, o valor arquitetônico dos projetos de Hehl e considerou a casa de taipa exemplar relevante do modo semiurbano de São Paulo. Mencionou ainda o "valor afetivo e referencial" para a população.Vizinho à capela, um novo casarão com salas de aula encomendado ao engenheiro Prudent Noël ficou pronto em 1915. Agora em restauro, com projeto da arquiteta Adriana Bosco de Godoy, será o prédio da Escola Internacional de São Paulo. Um auditório da década de 1950 também está sendo recuperado para dar lugar a um teatro, que será aberto ao público e exclusivo para peças infantis. Os dois imóveis estão no trecho de 3.000 m² do terreno que a associação alugou por 20 anos -o contrato de doação proíbe a venda.
A capela e a casa de taipa devem ser integralmente preservadas. Os prédios alugados podem sofrer alterações apenas na parte interna, sempre com aprovação do conselho. Michel Lam, 43, filho dos fundadores do Red Balloon, foi quem, em um garimpo pelo bairro, deparou-se com essa história.
Em 2015, soube que o externato estava prestes a fechar por dificuldades financeiras, o que de fato aconteceu ao final daquele ano. Após extensa negociação, assinou contrato em 2016 e prevê investimento de R$ 50 milhões, entre a obra e o aluguel.
Professores de inglês, os pais de Michel, Moyses e Raquel Lam, fundaram a Red Balloon nos anos 1960. Em 2002, o filho liderou o projeto de franquias da escola, que hoje tem perto de 80 unidades. A família vendeu a rede para o grupo Somos Educação em 2015 e passou a se dedicar ao novo negócio, uma escola bilíngue. A Red House, de educação infantil, já havia sido aberta por eles em 2010, em uma casa também em Santa Cecília.
Desde o ano passado, teve início o ensino fundamental, que ganhou o nome de Escola Internacional de São Paulo. São atualmente 140 alunos, mas o número de vagas será ampliado para 650 na nova sede.
Com currículo internacional e comunicação quase integral em inglês (exceto nas aulas de português, estudos sociais, história e geografia do Brasil), terá mensalidade entre R$ 4.000 e R$ 5.000.
Não é bem o que dona Angélica planejava quando doou o local para atender aos menos favorecidos financeiramente. Por outro lado, o colégio tem profundo trabalho de inclusão para crianças com deficiência, 10% dos alunos. E, além de manter a vocação educacional do terreno, vai tirar o pó dessa memória esquecida da cidade.


Comemoração de 7 de setembro.



Um comentário:

  1. Estudei na Casa Pia, que privilégio encontrar seu blog em pesquisas sobre o bairro de Higienópolis. Parabéns pelos artigos, ou arquiteta e gostei muito do seu conteudo.

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