O Beijo Eterno
O monumento foi finalmente desmontado em 1935, quando a prefeitura mudou o trânsito na região, e algumas das peças foram levadas para outros pontos da cidade.
Por sua vez, O Beijo Eterno foi parar em um depósito da prefeitura, onde permaneceu por muitos anos.
Em 1953, quando assumiu a prefeitura, Jânio Quadros que conhecia a história de O Beijo Eterno, ele também estudou e se formou em Direito no Largo São Francisco, onde a estátua era célebre.
Segundo consta em uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a prefeitura tinha instalado, anos antes, a imagem na entrada do colégio estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, mais ela ficou na escola por pouquíssimo tempo, pois os pais dos estudantes se mobilizaram para retirá-la, com a alegação que a figura era "imoral".
Em 1956, Jânio manda a colocar no Bairro do Cambuci onde residia, mais novamente foi organizado um longo abaixo-assinado para que a obra fosse removida imediatamente do bairro, alegando que ela atentava contra os bons costumes, Jânio não resistiu à pressão e, O Beijo Eterno voltou ao depósito da prefeitura.
Dez anos depois da censura no Cambuci, em 1966, o então prefeito José Vicente Faria Lima decidiu instalar O Beijo Eterno na entrada do túnel da avenida 9 de Julho, no centro da cidade, mas houve nova resistência.
Em um discurso na Câmara, o sr Antonio Sampaio, dizendo-se portador de memorial assinado por senhoras residentes da 9 de Julho e membro da Arena (partido politico), solicitou a retirada da estátua, segundo o O Estado de S.Paulo em 8 de outubro de 1966. citando o vereador, a estátua constitui um 'verdadeiro acinte ao decoro e aos bons costumes do paulistano'".
Mais dessa vez, uma reviravolta selaria o destino da escultura: os estudantes da Faculdade de Direito decidiram agir, fretaram um caminhão, invadiram o espaço da prefeitura e furtaram a figura de bronze de 400 quilos.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo a história e um pouco diferente: a estátua não chegou a sair da entrada do túnel, ela foi resgatada pelos universitários.
Ela foi instalada em frente ao campus, e os alunos ainda fizeram uma ameaça: se a estátua fosse retirada do Largo São Francisco, iriam cobrir com panos todas as outras representações de pessoas nuas que houvesse na cidade.
"Os estudantes se sentiram no direito de pegar a estátua, porque ela é um patrimônio da faculdade. Foi Largo São Francisco que financiou sua construção", diz José Carlos Madia de Souza, presidente da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP.
Depois do furto, O Beijo Eterno não saiu mais do calçadão em frente à faculdade: passou incólume até pela ditadura militar, que tinha uma máquina ativa de censura à liberdade de expressão e artística.
O Poema termina assim:
Quero um beijo sem fim
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para minha vida,
Só para o meu amor!"
fontes: .bbc.com terra.com
fotos: bbc.com spbairros
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