sábado, 2 de setembro de 2017

Cine Niterói

Rua Galvão Bueno, 88/102


Yoshikazu Tanaka, Susumu Tanaka e Iwao Tanaka os trés filhos homens de uma família de imigrantes japoneses, nascidos em Osaka que imigraram para o Brasil em 1923, foram para Santa Mariana, no Paraná, junto com a família. 
Nessa cidade, os irmãos Tanaka prosperaram bastante, primeiro como cafeicultores e depois como comerciantes de café e feijão, sendo que Iwao era também proprietário de uma serraria em Uraí, também no Paraná e Susumo estava comprando uma grande fazenda em Cornélio Procópio ainda no Parana.
Mas Yoshukazu por ter a saúde frágil atuava mais na área de compra e vendas e viajava muito e era conhecido na Bolsa de Cereais de São Paulo como "O Rei do Feijão" e propôs a os irmãos uma
 ideia que acabaria mudando a vida dos imigrantes japoneses no Brasil. 
Ele queria fundar uma sala de cinema!
E com a anuência dos irmãos, mesmo sem ter nenhuma experiencia na área, comprou o terreno da rua Galvão Bueno e construiu um cinema do zero. 
Viajou ao Japão e fez acordo com a distribuidora Toei para exibir as películas dessa grande empresa, no momento em que o Japão vivia o “boom” de produção cinematográfica, parte das madeiras veio da serraria de Iwao, e o capital necessário saiu do comércio de feijão de Santa Mariana. 
“Esse cinema não foi construído de cimento, esse cinema foi feito com feijão”, frase de Katsuzo Yamamoto, cerealista e amigo da família, no discurso de inauguração do cinema.
O ano era 1953, e a grande sala de cinema de dois andares, com 1500 poltronas estofadas, no térreo, o prédio contava com um restaurante no primeiro andar; um hotel nos dois andares seguintes, e um salão de festas no último pavimento. 
Um empreendimento que certamente encheu de orgulho, não só a família Tanaka, como também toda comunidade japonesa, que saía da triste situação do pós-guerra, quando o seu país foi derrotado. 
O primeiro filme exibido foi “Genji Monogatari”, traduzido como “Os Amores de Genji”, os filmes eram legendados mudados todas segunda-feira, em media 20 mil pessoas passavam pela sala todas as semanas.
Yoshikazu foi ainda mais ousado, por varias vezes trouxe do Japão vários artistas que protagonizaram os filmes de maiores sucesso, como Koji Tsuruta, um galã na época.
O sucesso do Niteroi estimularam a criação dos cines Jóia e Nippon, com a decadência dos cinemas em geral e a obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais afastou se publico, o local foi desapropriado em 1968 para a construção da avenida Radial Leste Oeste, e com os recursos recebidos a família adquiriu o prédio do Cine Liberdade na Avenida do mesmo nome, mas 1984 pararam de importar filmes e enceraram as atividades, o Joia e o Nippon fecharam pouco tempo depois.
Muitos filhos de agricultores vinham para estudar e trabalhar em São Paulo, tendo como referência essas salas, e a Liberdade acabou se tornando o “bairro japonês”.
Uma curiosidade o nome Niterói não e uma referencia a cidade de Niterói e sim a junção das palavras: Nitto e Herói, Nitto é Japão, portanto, significa “Herói do Japão”.
Fonte: www.culturajaponesa.com.br 
Fotos: Fundação Japão Acervo Estadão japao100. Jojoscope





Local do Cine Niterói.

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