O Jornaleiro Francês
Em 1875 já circulavam três jornais diários em São Paulo: o Correio Paulistano, o mais antigo; o Diário Popular e a Província de S. Paulo que havia sido fundado em janeiro daquele ano, a cidade já era servida por estradas de ferro, os bondinhos puxados a burro já transitavam por várias partes e já contava com hotéis, restaurantes, confeitarias e cafés.
Mas se quisesse ler o jornal tinha que ter uma assinatura anual ou mandar buscar na redação um número avulso, não existiam bancas e nem se vendia jornais na rua.
O viajante que tomasse o trem na Estação da Luz, deveria levar seu jornal para ler na viajem pois não tinha onde se comprar.
Mas ruas se vendiam de tudo: pamonha, milho verde assado, cuscuz, pinhão cozido e até formiga içá torrada, que eram conhecidas como quitanda, mas jornais não, não podiam ser comparados a produtos de quitanda, pois neles os intelectuais discutiam politicas e comentavam noticias importantes.
Na manhã de 23 de janeiro de 1876 a população e surpreendida com uma figura estranha na cidade, um francês barbudo, montado num pangaré velho, usando barrete branco na cabeça e medalhas no peito, soprava uma corneta pelas ruas, e oferecia a população o jornal A Província de S. Paulo, que com o advento da república mudou seu nome para O Estado de S. Paulo, e depois passou a vender também o Correio Paulistano.
Bernard Gregoire, criou polêmica, até os jornalistas não aprovavam a iniciativa, mas em pouco tempo os outros jornais acabaram aderindo à novidade, em 25 de março naquele mesmo ano, inaugura a “Bibliotheca da Estação”, na Estação da Luz onde venderá jornais, folhetos, romances, o nome banca de jornal ainda não existia nem a palavra jornaleiro, Bernard Gregoire era chamado de apregoador de jornais ou vendedor de jornais, ou ainda “crieur de jornaux”, pois o idioma francês era a moda da época.
As suas medalhas eram a Cruz de Bronze, recebida da Sociedade Francesa de Socorro aos Feridos, e a Medalha de Honra da Société Nationale d’Encoragement au Bien por serviços de socorro durante a guerra franco-prussiana.
Além disso, também já havia prestado socorro durante epidemia de cólera em Valogne e combatido no exército regular, feito prisioneiro, estava prestes a ser fuzilado quando conseguiu escapar.
Gregoire já havia sido “crieur de jornaux” em Paris, vendendo o Petit Journal em Paris e a Gazeta de Notícias no Rio de Janeiro e expandiu sua atividade para Campinas, cidade onde morou por um tempo, e Santos.
Não foi esquecido, pois foi fotografado por Militão Augusto de Azevedo, ganhou um desenho a bico de pena de Wasth Rodrigues que o retrata montado num cavalo, no então acanhado largo da Sé tendo ao fundo a igreja de São Pedro da Pedra e a antiga catedral da Sé.
O desenho acabou se transformando no ex-libris do jornal O Estado de S. Paulo e depois, já estilizado, faz parte do logotipo do Estadão ate os dias de hoje.
Baseado em texto de Edison Loureiro
fonte e fotos: saopaulopassado
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