sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Casas de Banho

Difícil imaginar, mas houve uma época em que as casas de São Paulo não tinham banheiro, e não as pobres mas todas!

Apenas no final do século XVIII, com o abastecimento de água um pouco melhor, foram desativados os últimos chafarizes públicos, e ao mesmo tempo criava-se uma limitada rede de esgotos, que eram lançados no Rio Tietê sem nenhum tratamento.

Zica Bergami (1913-2011), compositora de Lampião de Gás, relatando sua infância, conta que “naquela época, só havia toilettes nos grandes palacetes dos bairros ricos. Os menos favorecidos tinham que se arranjar com tinas ou bacias enormes ou, então banhavam-se à noite, nos tanques dos quintais, depois que todos dormiam”.

Nos grandes centros da Europa eram comuns as Casas de Banho,  em São Paulo a primeira casa de banho é inaugurada em fevereiro de 1857, por Carlos Pedro Etchecoin, 

A Casa Banhos de Saúde, na Rua do Carmo,3.  e anunciava “banhos de lavagem ou de vapor, segundo o gosto ou a necessidade de cada um. Mas eram banhos de caráter medicinal, com acompanhamento médico, mas só se tem essa noticia e nada mais.
Algum tempo depois João Luis Etchecoin(será coincidência o sobrenome) e Companhia, proprietários do Hotel Quatro Nações anunciava em 1863 também “banhos de corpo inteiro no dia 15”.

A primeira casa de banhos de caráter não só higiênico, apareceu em 1865. Chamava-se A Sereia Paulista, inaugurada em 28 de setembro de 1865, seu proprietário era Bento Vianna e ficava na Rua São Bento, 1, o imóvel pertencia ao mosteiro de São Bento.

Tinha um poço para abastecimento de água, reservatórios, aquecimento e vários quartos com uma banheira de mármore em cada um. Um dos quartos era adaptado para “banhos de chuva. Na sala da frente, “refrescos finos e bebidas de espírito”. nessa época aparece com propriedade de Henrique Schroeder.

Em 1º janeiro de 1871, um personagem pitoresco adquiriu a Sereia Paulista. Trata-se de José Fischer, um húngaro alto, barbudo e ranzinza que transformou a sala de bebidas em um restaurante e servia bifes à Leipzig, que ficaram popularizados como bifes à cavalo.

Conta-se que era tão ranzinza que não permitia que ninguém falasse mais alto do que ele, e os estudantes da Academia, por gozação, entravam em fila e iam cumprimentando em tom cada vez mais alto e Fischer respondendo ainda mais alto. No final da fila estavam aos berros.

fonte: saopaulopassado
fotos: saopaulopassado
Largo São Bento em 1887 no centro Rua São Bento


Anúncio publicado no jornal O Correio Paulistano de 29-10-1865

Anúncio publicado no jornal A Província de S. Paulo de 21-12-1887

Um comentário:

  1. Ranzinza deste jeito , não deve ter dado muito certo , hehehe . Mas imagino a situação higiênica da população , em geral . Qual seria a frequência que eles tomavam banho ? Deveria estar bem longe dos padrões atuais

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